terça-feira, 5 de julho de 2016

A Amiga Genial - Elena Ferrante

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Boa noite, pessoal!
Hoje vou falar de um livro que li esse ano e que fiquei completamente encantada. Se trata do primeiro livro da série napolitana, escrito pela autora Elena Ferrante. A crítica estava muito boa, e talvez por isso fui com muita empolgação ler esse livro.


Sinopse da editora: 'A amiga genial' é narrado pela personagem Elena Greco e cobre da infância aos 16 anos. As meninas se conhecem em uma vizinhança pobre de Nápoles, na década de 1950. Elena, a menina mais inteligente da turma, tem sua vida transformada quando a família do sapateiro Cerullo chega ao bairro e Raffaella, uma criança magra, mal comportada e selvagem, se torna o centro das atenções. Essa menina, tão diferente de Elena, exerce uma atração irresistível sobre ela. As duas se unem, competem, brigam, fazem planos. Em um bairro marcado pela violência, pelos gritos e agressões dos adultos e pelo o medo constante, as meninas sonham com um futuro melhor. Ir embora, conhecer o mundo, escrever livros. Os estudos parecem a melhor opção para que as duas não terminem como suas mães entristecidas pela pobreza, cansadas, cheias de filhos. No entanto, quando as duas terminam a quinta série, a família Greco decide apoiar os estudos de Elena, enquanto os Cerrulo não investem na educação de Raffaella. As duas seguem caminhos diferentes. Elena se dedica à escola e Raffaella se une ao irmão Rino para convencer seu pai a modernizar sua loja. Com a chegada da adolescência, as duas começam a chamar a atenção dos rapazes da vizinhança. Outras preocupações tornam-se parte da rotina; ser reconhecida pela beleza, conseguir um namorado, manter-se virgem até encontrar um bom candidato a marido.

O que dizer desse belo livro? É maravilhoso, nos faz entrar de cabeça na história, não conseguia largá-lo enquanto estava lendo, certamente é desses que permanecem na memória mesmo depois de anos, superou minhas expectativas. O livro é narrado por Elena Greco, um alter ego da própria escritora, que narra de maneira ágil e hipnótica a infância em uma vila pobre na Itália, ao lado de sua grande amiga Raffaela, ou simplesmente Lila. A vida trata de dar rumos diferentes a vida de ambas, e acompanhamos suas histórias até a adolescência. Elena dá mais valor aos estudos, já Lila não consegue terminá-los. Mais prática e inventiva, vive sempre buscando uma forma de superar a linha da pobreza e se tornar rica, saindo da miséria em que vive. Aí vai um spoiler da impressão que me ficou da leitura: Mesmo tendo uma situação financeira melhor, tendo pais que, mesmo que preferissem que ela trabalhasse, acabam concordando que estude, Elena tem uma vida melhor e mais constante que Lila. No entanto, Elena consegue ficar com inveja e ao mesmo tempo, amar incondicionalmente essa amiga, que passa por situações de muita necessidade mas não perde a esperança e o jeito único de ser.

A infância e adolescência de ambas se passa a partir dos anos 1950, o que nos remete também à situação geo-política da época, a convivência com a herança da Segunda Guerra Mundial, os capitalistas e socialistas lutando por seus ideais, tudo isso num microcosmo impactante, a Nápoles daquela época, que se revela um lugar bruto e cruel, em que até mesmo as crianças olham para si com um olhar arguto e um enfrentamento da vida precoce e avassalador, moldando desde cedo o caráter e os caminhos de todos os que ali conviveram.

Elena Ferrante é, na verdade, o pseudônimo dessa autora italiana, que vem conquistando todo o mundo com sua prosa bela e contemporânea. Nunca mostrou seu rosto ao mundo, nem mesmo aceita entrevistas pessoalmente, só as responde por e-mail. O livro A Amiga Genial trata somente da infância e adolescência de Elena e Lila. Já foi lançado no Brasil, no primeiro semestre desse ano, a continuação, com o nome de A História do Novo Sobrenome. Assim que ler, já posto a resenha, mas fica a dica para você que ainda não leu, um livro digno de estar entre os mais aclamados dos últimos tempos, literatura de primeira! Recomendo!


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Caixa de Pássaros - Josh Mallerman

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Boa noite, pessoas!
O livro que trouxe aqui hoje é Caixa de Pássaros, que li já tem um tempinho. Ganhei ele do meu amor de aniversário, junto com outros mais. Confesso que estava meio no escuro em relação à história, pois a sinopse não revelava nada e as resenhas que acessei também não. 


Sinopse da editora: Romance de estreia de Josh Malerman, Caixa de Pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. 
Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão. 

Li o livro em pouco tempo, acho que uns três dias. A narrativa te prende, cada capítulo tem aquele gancho, que te deixa com vontade de saber qual será o próximo acontecimento, fazendo com que leia um capítulo atrás do outro, sem pausas.
A protagonista, Malorie, é apresentada logo de início, com seus dois filhos pequenos, em um cenário pós-apocalíptico, em que vivem sozinhos, tentando sobreviver. Os capítulos se intercalam, mostrando Malorie e os filhos no mundo atual, aterrorizante e solitário, seguido por capítulos que mostram sua vida antes dos acontecimentos avassaladores da trama, mostrando aos poucos como se deu aquela situação atual. Por conta dessa maneira de narrar a história, muitos mistérios são revelados nos últimos capítulos, mas não torna o livro cansativo, o que poderia acontecer por falta de esclarecimentos ao longo da história, muito pelo contrário, nos entretém de uma forma única.
Num mundo em que enxergar algo pode ser sua sentença de morte, todos procuram vendar-se para não ver o que está à espreita, aguardando apenas uma olhadela para destruir a vida de quem o vê. Narrativa ágil, fácil e com peso, o primeiro livro de Josh Mallerman conquistou seu espaço no gênero thriller e de suspense, pois Caixa de Pássaros, com sua ameaça latente no decorrer do livro por algo que não pode ser visto, nos prende da primeira à última página. 
Boa dica para os que curtem esse gênero, e aos que não curtem ou não são muito adeptos, é uma boa dica para se aventurar, não dá grandes sustos, mas vale a pena pela história.

Espero que tenham gostado da dica de hoje!!
Até mais!

domingo, 3 de julho de 2016

Submissão - Michel Houellebecq

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Boa tarde, gente!

O livro de hoje é Submissão, do francês Houellebecq. Vi esse livro como indicação de dois colunistas da revista Veja, que indicaram o livro como um dos melhores de 2015. Fiquei super interessada na história, conforme via a resenha deles, mas confesso que o livro me decepcionou um pouco.



Sinopse da editora: França, 2022. Depois de um segundo turno acirrado, as eleições presidenciais são vencidas por Mohammed Ben Abbes, o candidato da chamada Fraternidade Muçulmana. Carismático e conciliador, Ben Abbes agrupa uma frente democrática ampla. Mas as mudanças sociais, no início imperceptíveis, aos poucos se tornam dramáticas. François é um acadêmico solitário e desencantado, que espera da vida apenas um pouco de uniformidade. Tomado de surpresa pelo regime islâmico, ele se vê obrigado a lidar com essa nova realidade, cujas consequências - ao contrário do que ele poderia esperar - não serão necessariamente desastrosas.

Ao contrário do que foi aclamado na época de seu lançamento, não achei que o livro nos remete a um futuro distópico, como em Admirável Mundo Novo, de Huxley. Ao contrário dessa última, Submissão não tem a agilidade de acontecimentos e nem as surpresas da clássica obra. Achei uma leitura arrastada, e muita pretensão publicá-lo como o livro "mais polêmico do ano". Submissão tem o intuito de nos fazer pensar num futuro caótico, que termina por não ser tão caótico assim. Nos faz pensar. Mas não é, nem de perto, o que eu esperava do livro, talvez por conta de sua repercussão exagerada. Ansiosa por acontecimentos, o livro me deixou à míngua. Fiquei sedenta deles, os acontecimentos, mas esses custaram a acontecer. E pouco aconteceram, na verdade. O livro todo se passa com o protagonista, um típico chato, insuportável e machista, conversando com pessoas de ser círculo social sobre uma possível ascensão do islamismo ao poder em plena França. O fato ocorre, e mais uma vez, ficamos aguardando os acontecimentos, que não vem. A submissão do povo francês a esse novo modo de vida, na verdade, é feita de forma muito passiva. Não há levantes, nem revoltas. O candidato é eleito democraticamente e as mudanças parecem não afetar o estilo de vida que os personagens levam, exceto aqueles envolvidos com educação, que é o caso do protagonista, professor universitário.
A história nos remete ao clássico "E se...", principalmente aos que estão mais ligados no que ocorre na atualidade geo-política da França. Num mundo onde o islã continua crescendo, tem-se aqui a possibilidade de imaginá-lo como seria sua concretização numa sociedade ilustrada como a França.

Se tivesse visto antes uma crítica negativa a respeito desse livro, ainda assim o teria lido, para poder expressar minha própria opinião. No entanto, não me agradou. 
Se você já leu essa obra, deixe sua impressão nos comentários abaixo!

Por hoje é isso! Bom domingo!

sábado, 2 de julho de 2016

Três livros para se ler em um dia

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Boa tarde, pessoas!
Aqui vão três dicas de livros para se ler em um dia, uma tarde em que você esteja de pernas para o ar e com tempo para mergulhar nessas leituras tão deliciosas!
Obviamente, são livros mais finos, no entanto, a qualidade e o valor literário dessas obras são incontestáveis. Espero que gostem das dicas!

1. PARA VOCÊ NÃO SE PERDER NO BAIRRO


Sinopse da editora:Mais recente romance do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2014, Patrick Modiano, Para você não se perder no bairro é a saga íntima de um homem em busca da sua identidade. Curto, elegante e hipnótico, como a maioria das obras do autor, o romance conta a história de Jean Daragane, um escritor veterano cuja rotina solitária é alterada após receber a ligação de um desconhecido que alega querer devolver a ele uma caderneta de endereços e telefones. A partir do inusitado encontro num café de Paris, Modiano conduz o leitor por uma investigação detetivesca que desenterra fantasmas do passado, levando a história a um de seus temas preferidos: o período da ocupação da França pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Em 2014, a Rocco relançou três clássicos do escritor laureado com o prêmio máximo da literatura em novo projeto gráfico – Ronda da noite, Dora Bruder e Uma rua de Roma.

A leitura é super rápida, no entanto, confesso que demorei dois dias para ler, pois não queria que acabasse, então prolonguei um pouquinho seu lugar na cabeceira. O protagonista, Jean Daragane, nos leva à uma viagem no tempo, ao seu passado e a recordações que até mesmo sua memória já não se recordava mais. O livro prende a atenção, quando, junto com a rotina nostálgica e bucólica de Jean, mistura-se o fato de um completo desconhecido encontrar a caderneta de telefones que o protagonista havia perdido, iniciando assim uma busca por um nome que constava nela e que Jean já não se recordava mais. O ambiente vai ficando cada vez mais tenso e paranoico, e o desenrolar da história nos revela boas surpresas. Leitura imperdível desse Nobel de Literatura, apenas 142 páginas que passam voando!

2. TUA

Sinopse da editora: Inés está convencida de que toda mulher, em algum momento, será traída. Assim, não fica tão surpresa quando encontra um bilhete nas coisas de Ernesto, seu marido — um coração desenhado com batom vermelho, escrito “te amo” e assinado “Tua”. Porém, quando Inés percebe que a traição do marido vai muito além do que ela pensava, trama um plano de vingança do qual não haverá volta. “Tua” é um romance policial vertiginoso, mas também um retrato implacável da vida íntima da classe média. Claudia Piñeiro capta com genialidade as vozes da sociedade contemporânea, entre elas a de uma dona de casa disposta a qualquer coisa para manter as aparências.

Um dia, pesquisando na internet um livro para ler que estivesse em promoção, encontrei Tua, da Claudia Piñeiro. Como essa autora tem muitos pontos comigo, adquiri o livro que estava em promoção na Amazon, se não me engano, paguei cerca de R$13,00. Anteriormente, já havia lido o livro As viúvas das quintas-feiras, também da mesma autora. Me apaixonei, foi uma leitura que me prendeu do início ao fim. Já o li há alguns anos, mas a história, super bem amarrada, nunca me saiu da memória. Resolvi, então, ler esse outro livro dela, que estava com muito boas críticas. Li em uma sentada. É um livro fácil de ler, muito rápido, cheio de diálogos. Logo no começo, pareceu-me uma história bobinha e meio clichê, mas depois de um determinado tempo, as novidades começam a pipocar e a leitura fica empolgante. O final é bem legal, de certa forma surpreende o leitor, que em pouco tempo de leitura, passa por várias reviravoltas na trama. É uma boa dica para uma leitura de um dia só. Não teve, pelo menos para mim, a qualidade do livro anterior que havia lido dela, mas é uma leitura ágil e bacana. Resumindo o contexto, Inés acredita que é traída pelo marido, que está com uma amante que assina Tua. Ela presume que Tua é uma pessoa, mas a história acaba mostrando ser outra. Tem um lado de suspense policial bem legal no livro. Vale a leitura, recomendo.

3. O AMANTE


Sinopse da editora: Ambientado na Indochina da década de 1920, O amante da China do Norte narra a paixão proibida de uma adolescente branca e pobre por um chinês muito rico. Entrelaçam-se na história fortes questões político-sociais, das quais emerge uma postura crítica em relação ao mundo e à própria subjetividade. É evidente na obra o comprometimento de Duras com o cinema e o existencialismo. Em um texto descritivo, mas penetrante, têm lugar destacado a infância e outras dimensões autobiográficas, assim como perspectivas essencialmente humanas, entre as quais o amor e a morte.

Esse é um livro bem curto, a edição que eu tenho, que é essa mais antiga que postei a foto, da editora Nova Fronteira, tem apenas 127 páginas. Embora curto, é um livro que me marcou muito. Li já deve fazer uns dez anos, e cheguei a assistir o filme também, cujo título é o mesmo. A história da paixão entre uma menina pobre e muito jovem e um homem mais velho, e muito rico, é a base da história, que tem como pano de fundo as memórias da autora, Marguerite Duras, que viveu sua adolescência na Indochina. O clima do livro é como uma tarde à beira da praia, um brisa suave, bucólico e nostálgico. A autora retrata a própria história como se fosse de outra pessoa, embora tenha sido vivida por ela mesma. Um relato arrebatador e autobiográfico de uma pequena parte da juventude dessa incrível escritora.


Bom pessoal, espero que aproveitem as dicas e leiam!! Livros que amo e que, com certeza, valem passar uma tarde no sofá, só para conhecer essas histórias!










sábado, 21 de março de 2015

De volta.

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Como é estranho retornar. Achei por muito tempo que este blog permaneceria intocado eternamente, até que meu corpo virasse cinzas, fosse devorado pela terra, ou que o provedor resolvesse desativá-lo por falta de visitas e utilização. Basicamente dois anos sem postar uma linha sequer, e cá estou eu de novo. Com uma vontade louca de escrever. Nem sei como pude ficar tanto tempo longe da escrita...Acho que desaprendi a arte! Mas ela irá se moldando novamente conforme for publicando. Sendo puramente clichê, nada como um dia após o outro! Embora qualquer um possa acessar esse blog, o considero uma parte muito íntima de mim. Quase como um quarto privativo, ou um diário infantil, em que colocamos nossos "maiores" segredos. Ao menos comigo era assim, sem contar a parte que eu começava a escrever dizendo:" Olá meu querido diário"... Todas as vezes que pegava minha mãe lendo me matava de vergonha, e ela ficava com aquele riso de uma linha nos lábios, com uma vontade louca de explodir numa gargalhada ensandecida, mas continha os ânimos, apiedada de minha pobre condição mental.
Portanto, querido blog, aqui estive eu, e em breve retorno sem maiores reapresentações! Fui!

sábado, 30 de março de 2013

O medo de Luciana

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Embora a solidez do mundo frequentemente se desfaça em desagradáveis nuvens de fumaça cinzenta em torno de nossas cabeças,a realidade é que nada mais temos em volta de nós do que fumaças e gases das mais diversas cores, cheiros e texturas. Aparecem e passam logo, num piscar de olhos. Enfim, nada é tão cabalmente fixo ou sólido como o mundo por vezes nos aparenta. E foi num dia assim, cheio de fumaças ululantes em seu redor, que diga-se de passagem cheiravam bastante mal, que Luciana resolveu sair de casa, em busca de um mundo novo, novas oportunidades e até mesmo, quem sabe, algumas pessoas interessantes. O pensamento dela estava em fúria desde o dia anterior, na realidade noite, antes de dormir, quando resolveu deixar o luto de lado e ir em busca de uma vida digna, que lhe proporcionasse algumas emoções de vez em quando. Entretanto, agora que chegara a hora de ir em busca de tudo o que havia imaginado, que lhe pudesse tirar daquele marasmo em que se encontrava a anos, daquela depressão profunda, da qual nenhum médico conseguiu fazê-lo, com nenhum medicamento, por mais revolucionário e eficaz que parecesse, ela estacou. Só de ouvir o despertador soar as oito da manhã o aperto no peito foi enorme. O que fazer agora?Estava ela, novamente, diante de uma encruzilhada, sem saber o que fazer da vida para que ela prossiga, com medo de tudo o que lhe fosse surgir pelo caminho.

Para que pudesse se acalmar um pouco, sentou na cama e rezou, como há muito tempo não fazia. Na realidade foi mais uma tentativa e erro, pois não conseguia se lembrar do Pai-Nosso, nem de nenhuma outra oração minimamente popular. Meu Deus, como era difícil! O que ela poderia fazer para se lembrar? Entrar na internet e pesquisar? Mas, por Deus, que vergonha! Como poderia ela, que se autodeclarava cristã há anos, não saber a oração mais orada do mundo? Se não era capaz de rezar conforme o rito do que dizia seguir, provavelmente não seria capaz de nada mais. Como no dia anterior, quando ficou com fome, no entanto teve medo de ir até a cozinha no escuro de seu apartamento. Embora não fosse grande, sair de sua cama a apavorava. Pior, não conseguiu sequer ligar para um disque pizza, ou disque qualquer coisa que o valha, pois ficou com mais medo ainda de sair da cama e dar de cara com outra pessoa levando sua comida. Estaria então ela cara a cara com um assassino, que já teria agido e colocado veneno no pedido, ou pior, um estuprador, que em vez de fazer o favor de levá-la dessa vida desagradável a fosse aterrar nela mais e mais, e depois deixá-la sozinha de novo, no apartamento escuro em que se encontrava toda sua vida?

Definitivamente, lembrar que não havia comido a deixara com fome agora. Mas não era culpa sua. Era aquele maldito medo que não a abandonava. Agora, no entanto, era dia e estava claro, embora ao abrir um pouco a janela pudesse ver que havia muita fumaça no ar. As pessoas costumam chamar de névoa, embora isso não fizesse diferença nenhuma para Luciana. Fechou a fresta que abrira da janela, para que aquela fumaça cinzenta não adentrasse sua casa. Tinha medo de dias assim, cinzas. Sempre lhe pareceram tão inóspitos. Para recomeçar a vida, tentar novas experiências que a fizessem sair daquele luto eterno e daquela solidão sem fim, tinha imaginado um dia cheio de sol e luz, com os pássaros piando, cantando nos piados uma sinfonia de alegria e coragem, como um prenúncio de que lhe era cabido seguir e cada vez mais seguir em frente, sem medo ou receio do mundo. No entanto, aquele cinza simplesmente a aterrava. Não podia sair com o dia assim. O telefone tocou, de novo. Será que hoje tocaria tanto quanto ontem? Não atendia mais aos chamados. Nunca era ninguém que de fato lhe importasse sinceramente. Não atenderia hoje novamente. Fazia quanto tempo que não atendia as ligações? Uma semana, duas? Sinceramente, não sabia ao certo que dia era e nem quem era ela própria. Não saía do quarto há muitos dias. Antes, seus dias longos e solitários se restringiam ao apartamento, mas o desbravava sem medo. No entanto, a restrição foi aumentando mais e mais, até que chegou ao extremo de sua cama. Só conseguia abrir a janela pelo fato de sua cama estar encostada na parede em que ficava a janela, não precisando Luciana sair da cama que tanto amava e lhe transmitia segurança.

A fome aumentava, cada vez mais. Afinal, não se lembrava sequer da sensação que sentiu da última vez que havia comido algo. Também, pudera, se lembrava agora que na cozinha não havia absolutamente nada que pudesse ser feito, pois não fazia compras há séculos. Teria que ligar pedindo algo. Mas tinha medo. Decidiu que não sairia de casa, o dia não estava bom. Definitivamente, cheio de fumaças, não era o dia que havia imaginado. Voltou para a cama e ficou lá, se sentindo melhor agora que decidira que não iria a lugar algum. Era questão de tempo esperar o sono vir e levar a fome embora com ele.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

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Queria tanto poder voltar naqueles dias, em que quando acordava ouvia o barulho do senhor dos ventos da garagem badalando incessante diante das brisas que chegavam até ele, juntamente com os pios e gritos do periquito e da maritaca que viviam aqui em casa, sempre fazendo festa e barulho o dia todo. Queria poder acordar de novo naqueles dias...ouvir a voz da minha mãe falando pela casa, ao telefone, com o Théo, com os periquitos, com o meu irmão, ou sozinha mesmo. Acordar de novo naqueles dias em que ela estava cantando, se sentindo bem e com um sorriso de bom dia no rosto que iluminava e enchia de alegria meu coração. Queria tanto poder voltar naqueles dias...

domingo, 21 de outubro de 2012

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Não há título de postagem no post de hoje. Sequer haveria postagem se eu não tivesse tido vontade de escrever aqui, mesmo sem inspiração alguma para fazê-lo. O certo é que minha vida anda um tanto estranha. Estranha não, vazia. Talvez o vazio cause essa estranheza que não era costumeira nos dias de antes, mas mesmo assim tenho me acostumado à ela. Nos acostumamos ao que é ruim tão rapidamente, não nos acostumarmos com o estranho é algo que não se poderia entender. No entanto, que nada tem de no entanto pois não guarda conexão com a frase anterior, percebi que a estranheza do vazio é constante em todas as vidas, não só na minha. Parando um pouco para pensar, refletir sobre a existência em si, é como parar e refletir no amontoado de nadas que vivenciamos, as alegrias e tristezas que não darão em nada, as brigas e reconciliações que em nada resultarão. Nada, pois nada sobrevive. Se sobrevivem as memórias, e não as pessoas, então não se faz necessário guardá-las, pois de nada servirão. Memórias de pessoas queridas duram um tempo, mas passa o tempo, e com ele as pessoas queridas se vão, e as memórias dos queridos desses já não tem mais importância, pois não são queridos por ninguém ainda vivo. Vivemos vivenciando a vida que acabará em nada, como todas as outras. Nada é mais presente que o nada. E nada mais puro que o nada do que o cotidiano e seu peso que paira sepulcral sobre nossas cabeças (tão cheias de nada).

domingo, 19 de agosto de 2012

Aqueles dias azuis

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A sensação de desamparo é enorme. Não importa onde se apóie, não se encontra apoio. A vida, que por vezes tratamos como bela, na verdade é algo difícil de se seguir conforme o tempo passa. Todos passamos por uma parte da vida em que ela é bela, sem preocupações, onde as coisas parecem estar exatamente onde elas devem estar. No entanto, conforme os dias, os meses, os anos passam, vemos que a felicidade é momentânea, e a não ser que tenhamos muita sorte, a vida vai tratar de ser triste na maior parte do tempo, difícil de se seguir em frente. Queria voltar pra antes, muito antes do dia de hoje, queria voltar anos e anos, pra ter de novo a sensação daqueles dias azuis, sem preocupações, tristezas ou pessimismo...aqueles dias em que a tranquilidade e a felicidade da vida parecem ser eternos, aqueles dias em que o tempo de criança parece que vai durar para a eternidade. Infelizmente, passa rápido, acaba, e assim se vão os dias, sem sentido e sem hora para acabar.

domingo, 12 de agosto de 2012

1º dia dos pais sem ela

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Hoje é o primeiro dia dos pais que passamos sem a minha amada mãe...Dói tanto, mas tanto não ter ela aqui...É um vazio enorme que fica, sem a presença iluminada, a força vital e a alegria de viver que só ela tinha.

Não está sendo fácil achar o rumo, continuar aqui sem você minha mãe, você que sempre foi minha melhor amiga, minha mãe tão adorada...até como filha te tomava, cuidava de você, não queria nunca que sofresse, nem que tivesse ido tão prematuramente, sem aproveitar tantas coisas que ainda queria.

Ai mãe...te amo pra sempre e mais que tudo nesse mundo...você sempre foi e continuará sendo a luz da minha vida. Ilumine sempre os nossos caminhos e nos transmita a sua paz, para que possamos continuar essa caminhada difícil, e agora sem graça, sem você aqui presente. Te amo.

sábado, 11 de agosto de 2012

Caminhos

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De tanto pensar nos caminhos que a vida nos oferece, e de pensar onde eles poderiam ter nos levado se tivéssemos tomado outra direção, ter seguido pela direita em vez de entrar pela esquerda, acabamos loucos. O que faz da vida suportável, por vezes, é não pensar no que teria acontecido se, e se, sempre se...Aceitar o que acontece faz parte de nossa jornada, e para que continuemos a viver normalmente, não adianta nos revoltarmos com coisas que são inerentes ao ser humano. A saudade, a solidão, a tristeza, a felicidade, as alegrias, as conquistas...todas elas são passageiras, bem como nossa breve vida...que se formos pensar de forma mais ampla, não é absolutamente nada perante a grandiosidade do universo e todo o desconhecido a sua volta. É estranho pensarmos que estamos aqui de passagem, que tudo não passa de uma fase...mais estranho ainda é pensar que somos como bonecos em fase de teste, para ver se estamos prontos para seguir nosso caminho... A caminhada eterna rumo ao que não temos conhecimento nos deixa com medo de ir até o final do caminho...mas se tivermos coragem de ir até o fim, com certeza veremos que a vida é só parte do infinito.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

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Agora acessei o orkut, como saída do blog, um orkut já totalmente abandonado, do qual excluí a todos, pois não queria mais orkut, ficando como única integrante minha namorada, hehe. Bom, de saída, sem querer, baixei os olhos e vi a sorte do dia: ''Lar é onde está o coração''. Lembrei-me de um trecho de um livro de memórias do Tony Judt, no qual ele falava essa frase e dizia logo em seguida que seu coração havia ficado há muitos anos numa viagem que fizera a França, quando ainda era criança, numa cidade pequena e cercada de montanhas enevadas. Seu coração estava lá, desde tempos remotos, e sempre que se lembrava de algo que o aconchegasse, lembrava do chalé que havia ficado com a família nessas férias passageiras.

Para mim, com certeza lar é onde está o coração...quando me lembro de lar, casa, aconchego, me lembro da minha mãe...da nossa casa na rua Campos Salles...das risadas e dos bolos horríveis que ela fazia. Vontade eu tinha de ir pra casa naquele tempo, de poder encontrá-la bem e viver normalmente. Meu coração sempre estará com ela, onde quer que ela esteja...carregando dentro de mim, por toda a vida, meu amor incondicional e a saudade eterna que fica.

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Nossa...hoje acordei com uma saudade da minha mãe que me sufoca o peito...faz faltar o ar...ai que coisa horrível. Antes qualquer saudade que eu tenha sentido sempre foi passageira, era só ligar, ou ir até o cômodo ao lado, que lá estava a minha mãe, e eu podia beijá-la e abraçá-la o quanto eu quisesse. Como eu me arrependo de não ter feito isso mais vezes, ter feito isso todas as vezes que vi ela...lógico que ela ia achar muito estranho, mas vendo como estão as coisas agora, que não posso mais matar minha saudade dela, tudo que eu queria fazer era voltar no tempo, só pra ter o gostinho de conversar com ela um pouco, poder dizer que a amo de novo, e de novo, e de novo, e pra sempre. A saudade que eu tenho dela é gigante...não ter mais nossos diálogos diários, para mim, é uma tortura...tudo o que acontecia eu gostava de comentar com ela, minha amiga de todas as horas...conversávamos de tudo! Nos divertíamos muito juntas também, porque, como se não bastasse já ser um ser maravilhoso como ela era, ainda por cima era engraçada!

Hoje acordei com uma dor terrível no peito, por isso vim aqui escrever. Ultimamente ando escrevendo pra mim, só pra desabafo, e pra ela, pois quem sabe de onde ela está, não consiga ver o que eu escrevo...ela gostava tanto desse blog..que criei inclusive porque ela ficou no meu pé...dizendo pra eu fazer um..isso há algum tempo.

Que tristeza que eu sinto de não te ter aqui mãe...a saudade é muito grande, o vazio que ficou é impreenchível. Sua ausência sempre será sentida, eternamente...mas sua presença continuará para sempre dentro do meu coração.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

15 dias sem ela.

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Hoje faz quinze dias que minha mãe morreu. A dor vai acalmando com o passar dos dias...lógico que a presença de pessoas mais que importantes ao nosso redor acaba nos dando mais força para seguir a caminhada. Sempre tive esperança, sempre achei que um dia, cedo ou tarde, minha mãe venceria a luta contra o câncer, terminaria de vez com essa guerra sem fim. Mas...no final das contas,  doença levou a melhor, levou minha mãe embora, pra bem longe de nossas vistas. A dor é grande, muito grande, mas o choro vai passando com o tempo, e a sensação de incredulidade, pelo menos em mim, cresce a cada dia...Parece que tudo não passou de um sonho ruim, e que no dia de amanhã quando acordar, ela vai estar por aqui, dando aquela risada gostosa, com sua presença iluminada...
Infelizmente, a morte é algo certeiro em nossas vidas...não temos como escapar dela, pelo menos isso me consola. Sei que ninguém ficará impune à dama de negro...todos acabaremos nos seus braços, cedo ou tarde, rico ou pobre, alegre ou triste...Mas o que mais dói em mim é o fato de que eu achei que ela era invencível, insuperável, inigualável....pra mim, minha mãe venceria a vida toda todos os problemas que cruzassem seu caminho...venceria sempre e seria sempre soberana...
Após 12 anos de luta contra o câncer, ela perdeu a guerra. No entanto, venceu inúmeras batalhas, além de ter provado a todos que estavam à sua volta o que é força, vontade de viver e garra. Viveu, desses 12 anos com a doença, uns oito meses um pouco mais debilitada. O resto do tempo, onze anos e pouco, viveu como se não tivesse nada. Sempre com alegria, fazendo as coisas que queria com total disposição e vigor físico. É inacreditável ver as esperanças e sonhos que tínhamos se esvaindo um a um, sem deixar a nós que tanto a amamos um alento, um conforto, um beijo de despedida.
No começo desse ano, quando ela teve uma infecção severa na boca devido a quimioterapia, achei que seria o fim. Ela ficou sem comer por cerca de um mês e meio, ingerindo só água basicamente no primeiro mês. No entanto ela venceu de novo. Foi internada mas saiu do hospital andando, com total disposição pra começar tudo de novo. Mas o destino não deu trégua...e logo em seguida ela teve que parar de tomar a quimioterapia, pelo fato de sua medula não estar aguentando mais os medicamentos, que estavam acabando com seu organismo antes que o câncer o fizesse.
Com a pausa no tratamento, o tumor avançou de uma forma inacreditável...em cerca de quatro meses, o que antes estava controlado evoluiu demais, ela emagreceu muito, perdeu toda a gordura do corpo, ficou pele e osso...e barriga, pois a doença do fígado avançada, como era o caso dela, câncer de mama metastático para fígado, acaba gerando um acúmulo de água na cavidade peritonial, na barriga, gerando um fenômeno chamado ascite. A pele com o tempo foi amarelando...mas eu sempre me apeguei aos olhos...minha mãe sempre me dizia que quando os olhos de alguém estavam amarelos já não tinha o que fazer. Então, mesmo que tudo estivesse indo contra as nossas expectativas, me apeguei aos olhos...enquanto os olhos estivessem claros, ainda brancos, tudo estaria bem. Até o dia em que comecei a notar pequenas veias vermelhas no interior dos olhos, como se fosse uma pequena irritação. Pensei, ''não, não pode ser, deve ser só uma irritação mesmo''. Mas os dias foram passando e vi que a irritação não melhorava...até que o aspecto vermelho foi passando e deixando um amarelado nos locais em que antes estavam vermelhos. Foi algo gradual, mas que um dia, quando olhei, já estava totalmente amarelo. Quando os olhos amarelaram, e eu vi que não era algo passageiro, tentei me apegar em algo que me fizesse acreditar que não estava tudo perdido...não sei em que me apeguei, mas ainda conseguia ter espeeranças. Tive esperanças até os últimos dias, quando uma diarréia acabou por deixar ela de cama quase que direto, no tempo em que ficou em casa. Um dia, então, a noite, ela ficou com sono, muito sono...começou a embaralhar as idéis, não conseguia mais falar normalmente, pois o sono não estava deixando ela articular os pensamentos...até que dormiu. Chamamos o SAMU, que veio rápido, e levou ela pro hospital. Ela ficou internada cinco dias até morrer. Nos cinco dias, dormiu sem parar, não acordou mais... a insuficiência hepática causou um acúmulo de toxinas no organismo, que acabaram por afetar o estado de vigília e a deixaram dormindo sem parar. Não sentiu dor e nem teve consciência de que o fim estava lá, logo ao lado. Pelo menos nisso Deus foi bom, deixou ela com esperança e com a certeza de que tudo estaria certo e de que tudo estava bem até o fim.
Aprendi com a minha mãe que não existe nada no mundo mais importante que o amor. O amor é o sentimento mais puro que existe...um amor verdadeiro salva o ser humano de qualquer pequenez, o dignifica. Aos que ainda podem demonstrar seu amor por quem ama, sem que seja em orações, que o façam todos os dias, tanto em palavras quanto em seus atos. Tive tempo de demonstrar o meu, ainda bem. Mesmo longe, fora de minhas vistas, minha mãe está aqui, em tudo o que me ensinou, nas conversas que tivemos, nas risadas que demos e nos choros que compartilhamos. Está aqui, viva enquanto eu viver, dentro do meu coração, como a minha amiga mais querida, minha melhor amiga, a melhor mulher, a melhor pessoa que poderia ter existido. Já não está mais aqui pela sua grandeza...o mundo é para os fracos e pobres de espírito. Que a jornada dela seja repleta de luz, que os caminhos que esteja trilhando agora estejam livres de qualquer doença e qualquer obstáculo, e que a passagem para o outro lado tenha revelado que a vida é apenas uma pequena parada frente à eternidade que nos espera.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

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Os dias passam...as lágrimas vão secando. Não sei como mãe, mas elas vão...Achei que iria chorar por toda a minha vida sem parar. Mas acho que daí, de onde você está, sem dúvida nenhuma está me passando toda a força que estou tendo pra enfrentar a pior situação do mundo: o dia a dia sem você! Ai mãe, sinto tanto a sua falta...falta de acordar e te ouvir gritando com o Théo, de te ouvir rezando sua noveninha, de ouvir você cantar qualquer coisa...de sentar no sofá com você e conversar sobre qualquer coisa durante um tempão...sair pra comprar alguma coisa...que saudade de viver com você.

Não que agora não viva...não é porque você não está mais nas minhas vistas que não está mais nos meus pensamentos e no meu coraçao! Ontem foi sua missa de sétimo dia já mãe...hoje de manhã fez uma semana que não está mais aqui entre nós...Acho que não estou chorando mais justamente porque já fazia tempo que eu chorava sua morte...desde quando começou a fica ruinzinha eu senti que dalí não teria volta!

Mãe, se puder me ouvir, me ver, me sentir, onde quer que você esteja...saiba que meu amor por você é infinito...e que eu estou continuando aqui por você, pela pessoa que mais amo no mundo e que tão prematuramente foi tirada do meu convívio. Você é especial, é diferente, é linda por dentro e por fora...e será sempre assim. Você é a luz da minha vida mãe. Aqui, você iluminava meus caminhos com a sua presença...espero que de onde quer que esteja, continue iluminando minha vida e me confortando de sua partida.

Que você esteja num lugar inimaginavelmente lindo, cheio de amor, paz e ternura, que esteja feliz, radiante! Que nosso reencontro seja breve...e a permanência longa, muito mais longa do que a dessa vida!

Te amo pra sempre mãezinha!!

sábado, 28 de julho de 2012

Mãe

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Não acredito que você se foi. O vazio por aqui está infinito...Não sei se vai amenizar um dia a dor que estou sentindo pela sua perda, mesmo com todos dizendo que a dor vai embora, ficando somente a saudade...

Mesmo morrendo de saudade de você, indignada pela sua partida, uma coisa me conforta, e muito. Eu tive tempo, mãe. Tempo de falar pra você o quanto te amava...tive tempo de te colocar pra dormir todos os dias, durante muito tempo, tempo de comprar tudo o que você estava com vontade, tempo de conversar sobre tudo, tempo de te tranquilizar...tempo de te amar incondicionalmente e largar absolutamente tudo pra estar ao seu lado.

Meu amor por você é infinito, e só vai aumentar com o passar do tempo...Mesmo você estando longe de mim, meu amor não vai deixar nunca de crescer cada vez mais, não irá se passar um único dia sem que eu morra de saudade, sem que eu reze por você, sem que eu lembre do seu sorriso lindo e da sua voz acalentadora.

Justo você mãe, justo você foi embora...tudo o que eu mais amei...foi embora com você! Mesmo tendo feito a passagem, continuará sempre viva dentro de meu coração. Sempre tive medo de te perder...a única coisa da qual realmente tive medo na vida. Não tenho mais medo de nada na vida...a única coisa que temo é talvez nunca te ver novamente. Espero que exista tudo o que dizem que existe do lado de lá...espero que logo possa te reencontrar, te dar aquele abraço bem confortante e aquele beijo bem demorado na bochecha, que só que costumava te dar. Todos aqui estão inconsoláveis. Obrigada por tudo, pela força absurda que sempre teve, pela alegria contagiante de todos os dias, pelo senso de humor inabalável e pelo carinho sempre dispensado a nós. Você me mostrou o que é ser forte, o que é amor pela vida e sobretudo, o que é o amor pela família.

Vai em paz minha guerreira, minha melhor amiga, meu amor, minha mãe. Até que eu de novo te encontre, que Deus lhe guarde na palma da mão.

Lembra?...

" Em cada recanto, e no coração de todos os que nos acompanharam, fica um pouco da história de nossas vidas; o riso solto da infância, os sonhos da adolescência...Pressentida saudade deste presente, nos longes do meu futuro."

domingo, 15 de julho de 2012

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A menina das tranças no cabelo corria de um lado para o outro da casa, sem parar, fazendo ranger a estrutura velha do antigo casarão com ares de abandono na rua sem saída em que viviam. A madeira já ressequida pelo tempo rangia ao menor toque das solas de sapatos cautelosos, dos sapatos da pequena criança então, as madeiras passavam a emitir uma sinfonia desordenada de sons desconfortáveis que ecoavam pelos corredores vazios da casa. E parecia que quanto mais barulho emitiam as madeiras, mais a menina corria, pulava e ria. Ela gostava do som, em contraste ao silêncio de tudo aquilo. A quem olhasse, parecia que a menina das tranças amarelas preferia ver o casarão desabar a continuar ali, dia após dia, naquela solidão habitada e tão pouco hospitaleira em que vivia.

A mãe da menina já há algum tempo não saía da cama. Pela casa antes o que se ouvia era movimento, risadas, conversas incessantes e animadas, todos os dias sem parar. Mas, junto com a saúde da mãe da menina, também se foram os risos e as conversas animadas, o brilho nos olhos de todos os que lá viviam. O pai já havia lhe dito, à menina das tranças, que cedo ou tarde a mãe nem mais lá deitada estaria, devido à sua saúde precaria. Mas a menina não se conformava e mesmo contra todas as expectativas, resolveu ter esperança, por mínima que fosse. Preferia brincar e correr pela casa, ranger tudo o que pudesse para que o silêncio ficasse menos silencioso. Preferia a falta de sossego que preenchia a casa antes ao excesso de silêncio agora. Mesmo que ninguém falasse nada, o silêncio caía sobre todos como uma sentença, uma condenação ao que todos já sabiam. O barulho que fazia, em contraste à mudeza de todos, funcionava como um protesto à morte, à dor e a solidão.

E os dias passavam assim, entre silêncio, rangidos e medo, medo daquele fim que ameaçava, sempre pairando no ar, mas ainda clemente perante as preces e os barulhos incessantes da menina.

Tempo

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"Quero valsar aquela antiga canção, que dizia que o tempo era meu, que faria com ele o que bem quisesse, que tudo sempre estaria lá, que tudo sempre retornaria. Só mesmo naquela velha canção, já rouca pelo tempo, é que as coisas assim se dão. O tempo e o vento, aprendam, só traz saudade e desalento, carregando consigo a felicidade de ontem."

sábado, 2 de junho de 2012

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Pagaria cada centavo pra poder voltar no tempo e deixar ele congelado por uns mil anos! Éramos felizes e não sabíamos, na época das vacas magras...rs. Que saudade! Só a saúde é que trás felicidade, incontestavelmente.

domingo, 1 de abril de 2012

O descompasso do Superior Tribunal de Justiça

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Para quem está meio por fora do que anda decidindo o Superior Tribunal de Justiça desse país, eu vou contar.
Na semana passada houveram duas decisões, digamos, completamente descompassadas com o ordenamento jurídico e com a moral prezada na legislação, refletindo também a má qualidade dessas últimas.
Foi decidido que o condutor de veículo automotor não é mais obrigado a fazer o teste do bafômetro, pelo que todo mundo já sabe, não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Entretanto, o condutor visivelmente embriagado podia antes responder civil e penalmente por sua infração, mas agora não será mais assim, pois somente exames de sangue ou bafômetro, logicamente que todos eles consentidos pelo condutor do veículo, poderão provar a embriaguez ao volante, caso contrário, não sofrerá sanção alguma, não sendo mais válida a prova testemunhal nesses casos, nem mesmo exames clínicos. Ok, maravilha. Logo, percebemos que a Lei Seca, que deu o maior bafafá quando foi lançada, acabou por surtir em nada! Exato, pois qual seria então a eficácia da lei se não se pode obrigar o motorista a nada e não valem mais as provas clínicas e testemunhais? A lei cai, assim, no mais completo desuso, como tantas outras já caíram nesse país, quer seja pela ineficácia dos órgãos executivos, quer seja pela ineficácia dos legislativos, que formulam leis que acabam por se desmembrar com o tempo, em meio a inconstitucionalidades e princípios garantidores da dignidade da pessoa humana.
Outra decisão proferida pelo STJ semana passada também foi a de que um homem acusado de estuprar três meninas de 12 anos que se prostituíam é inocente. Sim, inocente. Fundamento legal? Nenhum, isso porque nossa legislação penal, recentemente modificada, prevê pena de estupro a quem pratique qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos de idade, mesmo que consentido, pois uma criança de dez ou doze anos dificilmente terá a percepção exata do que está fazendo ao consentir o ato, mas o maior de 18 com certeza terá. Mesmo assim, o colendo órgão decidiu ser inocente esse homem pelo fato de as garotas se prostituírem, logo, o erro era delas em prostituírem-se com 12 anos, não do sistema em que vivem e nem do homem que com elas praticou o ato, mesmo sabendo terem as meninas idade tão próxima a da infância. Bem disse Alexandre Camanho, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República:

"Uma decisão protege o estuprador, a outra, o bêbado."

Tiveram advogados, defendendo em veículos de comunicação muito acessados na net, que não se pode falar em corromper o que já está corrompido! Logo, a pureza e a inocência que a lei protege não mais existem nessas meninas, não estando elas então sob a égide da legislação, que teoricamente seria feita para atingir a todos. Relativizemos então as leis perante casos absurdos como esse e não viveremos mais em uma sociedade democrática, mas sim em um circo de horrores.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Status quo ante

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Só agora Bia se dava conta de como as coisas haviam mudado. Tudo estava sempre tão igual antigamente, vivia na espera de que algo novo acontecesse e a levasse pra bem longe do maquinal cotidiano. Entretanto, desde que as coisas haviam se transformado radicalmente, ela vivia pedindo à Deus que as coisas voltassem a ser como eram antes, no ano passado, no ano retrasado, há dez ou quinze anos atrás, quando ainda era criança, uma pré-adolescente cheia dos maiores sonhos do mundo, pulverizados com toda a certeza de que tudo daria certo sempre, fatalmente. Quando não desse certo é porque não era com ela, claro que não, pois tudo o que não dava ou viria a não dar certo não acontecia com ela.

Mas nos dias de hoje Bia via que as coisas também poderiam acontecer com ela, mesmo que fossem as coisas erradas a se acontecer. Elas aconteciam a qualquer hora, em qualquer estágio e no meio de qualquer boa notícia. Inclusive, más notícias sempre escolhem uma boa hora pra chegar, quando tudo está indo tão bem que até estranha-se a quietude do tempo.

Uma coisa ela havia adquirido desses tempos incertos pelos quais passava. O medo, de tanto senti-lo, havia se tornado algo tão banal e corriqueiro que já estava impregnado em tudo o que fazia, em todas as decisões que tomava. Viu que em tempos incertos, amigos não são amigos, colegas tornam-se desconhecidos e os dias, por mais ensolarados que amanheçam, sempre terminam cinzas. A vantagem do medo constante é não se ter nada mais a temer. Quem sabe dessa forma, a má sorte, vendo que o medo já não é novidade, resolva assombrar outras paragens e deixe a pobre menina em paz, voltando tudo ao que era antes.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Começando...

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Nossa, que desânimo pra um começo de ano. Queria sentir o que eu sentia quando era mais nova, quando o ano novo significava o surgimento de coisas novas, de que tudo ficaria bem. Junto com os fogos do reveillón vinha também a certeza de que tudo o que havia de errado antes não estaria mais errado agora.
Infelizmente, não tenho mais as ilusões que tinha quando era um pouco mais nova, nem tão mais nova, porque demorei bastante para perdê-las pelo caminho, mas não as tenho agora. Isso significa ter tido que acordar no primeiro dia do ano não com o ânimo de quem anseia pelas coisas boas que o ano novo trará, mas sim não suportando o peso da realidade sobre os ombros ao acordar.
Que ao menos 2012 repare os erros e as tristezas do ano que se foi.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Fragmentada

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Não sei o que acontece, se é só comigo ou se tudo é parte um plano generalizado pra me enlouquecer. Ou me entristecer fatalmente. Só sei que tudo vai de mal a pior e não consigo mais ver saída ou ter esperança de coisa alguma. É o momento em que tudo que eu acreditava deixa de existir e tudo o que eu pensava que podia contar, como alicerces sólidos de uma construção, resolveram desmoronar. Ao meu redor sobraram somente escombros. E uma barata, que ainda por cima caiu em cima de mim hoje depois do almoço. Para completar meu momento de epifania, só faltou tê-la mastigado lentamente, tal qual G. H de Lispector, procurando reverter o quadro de sua vida moribunda, assim como a minha.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Confiar - Filme

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    Assisti hoje ao filme Trust. Confesso que no começo não botei muita fé, me pareceu ser mais um filme adolescente. Mas me surpreendi, principalmente pelo modo como a temática foi abordada.
    No filme, a jovem Annie, de apenas 14 anos sofre um estupro após ter conhecido um cara da internet. A princípio o filme poderia ser apenas uma liçãozinha de moral, de como devemos ter cuidado com qualquer relacionamento que comece na rede. No entanto, o filme se revelou ter um roteiro brilhante, mostrando como o caso ocorrido com a filha do meio do casal interpretado por Clive Owen (que pesou muito na minha decisão de assistir a esse filme) e Catherine Keener (outra atriz que, apesar de ter menor visibilidade, gosto muito) afetou a vida de toda a família.
    Annie conhece Charlie, seu amigo virtual, em um chat na internet. A princípio, Charlie diz ter apenas 16 anos, somente dois a mais que ela. Encantada com a forma como Charlie parecia maduro, Annie se envolve cada vez mais. Entretanto, aos poucos Charlie vai revelando sua verdadeira identidade. Ainda sem conhecê-la pessoalmente, revela que na verdade sua idade é de 20 anos e que está no primeiro ano da universidade. Após um curto tempo, faz nova revelação: não tem 20 anos, mas sim 25. Embora relutante com relação à idade, Annie continua falando com ele. Está apaixonada.
    Em um dia, quando seus pais viajam para levar o irmão mais velho para a nova casa em outra cidade, pois ingressou na faculdade, Charlie pede a Annie que se encontrem num shopping. Ela topa e é aí que começa de fato a história.
    No shopping Annie vê Charlie, e vê também que ele não tem 25 anos. Sua idade é de no mínimo 35. Com uma conversa fiada pra boi dormir, o tiozão acaba convencendo a menina de que ela é sua alma gêmea e que eles tem forte conexão. A partir daí, leva a menina pro motel e a força a manter relações sexuais com ele.
O interessante do filme é justamente o modo como o estupro se realiza. Todos tem aquela ideia de que é estupro quando alguém é violentamente violada, quando há ataque, luta. Mas não é isso que acontece no filme, que mostra o preconceito das pessoas em aceitar que o que Annie sofreu nada mais foi do que isso: um estupro.
    Annie não vê mais o agressor, que foge da polícia em seu encalço, pois é procurado por casos anteriores de estupro com menores de idade. Mostra a partir daí o abalo da família e a luta em voltar a viver normalmente. Dá grande enfoque a situações cotidianas carregadas de uma sensibilidade ímpar, que faz valer a pena por si só.
    Outro ponto interessante, e que se mostra no filme, é que o estuprador é um pai de família, professor, pessoa normal do círculo social. Enquanto todos se preocupam com maníacos do parque, o perigo pode estar mais próximo e com a cara mais comum que se possa imaginar. Boa dica de filme pra quem quer passar um tempinho na frente da telinha.

sábado, 5 de novembro de 2011

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"Queria mais que tudo estar contigo,
De novo, desde o início."